Carol Meyer oferece em seu texto a dinâmica de uma postura sempre inquietada pelos mais sutis contrastes de situações que em suas palavras adquirem rumos surpreendeentes e não menos intrigantes.
A AVENTURA DE SER MÃE
Carol Meyer
Estou aprendendo a ser mãe há 10 anos, quando senti uma coisinha mexendo dentro de mim. Um susto, uma apreensão, mas um amor incondicional surgia junto com toda a expectativa. Tive o meu primeiro filho e começei a engatinhar junto com ele. Todas as neuroses típicas de mães de primeira viagem me afligiram, podem ter certeza. Nem por iso fui menos louca e possessiva com o Enzo, mas digamos, ele ficou mais "descolado". Quando digo louca é no sentido literal da palavra mesmo! Mãe é o ser mais irracional que Deus pôs na Terra e talvez por isso mesmo o mais isntintivo. No fim, parece que dá certo!
Mas durante essa aventura, percebi que são as pequenas grandes coisas que nos fazem merecedoras desse título de mãe. As horas intermináves de reuniões de pais nas escolas, quando todos teimam em discutir o por quê do para casa, as outras tantas horas controlando febres, ao lado do berço, angústia pura enquanto o filho não melhora, mas também nas horas mágicas e alegres de sorvetes e blusas, mãos e rostinhos lambuzados, naquele preimeiro gol, primeiro passo e primeiro mergulho, tudo que ensinamos e aprendemos juntos com essas pequenas bençãos.
Sim, pois aprendemos todos os dias e à medida que crescem fica muito mais difícil. Hoje, além de ter que saber nomes de heróis que - claro - não existiam na minha época, tenho que conhecer as "tribos" e seus costumes, afinal meu filho pode querer se aventurar em alguma delas e eu vou ter que identificar qual é a dele. E quem foi que disse que menino de 9 anos é pré-adolescente? Eles já se intitulam assim: Namoro pode? Ficar pode? Sair pode? E dá-lhe mãe!
Nosso coração deveria ser três. Um para cada fase da vida deles: o primeiro para os tombos, o outro para as namoradinhas e depois para as baladas. Na verdade deveríamos ser três: uma brincava, a outra se preocupava e a outra, finalmente, descansava. Alguém já viu mãe com cara descansada? Sem olheiras? Sem unha por fazer, raiz do cabelo pra pintar? Vaidade é outro artigo de luxo depois que parimos. Filho vira centro de tudo, do nosso universo e nos completa. Nada mais parece nos importar se aquela criaturinha, mesmo já calçando 36 faz cara de triste e se cala. Como não pirar diante dessa situação? O machucado visível é facil, sabão e mertiolate, uma sopradinha e tudo se resolve. Mas quando a dor é no coração?
É quando é mais difícil ser mãe. Estamos tão acostumadas a resolver tudo que não conhecemos a impotência. Ficamos culpadas, frustradas frente a um mundo que comete atrocidades contra nossas crianças. E sofremos caladas, choramos mansinho, escondidas de tudo, imaginando até quando vamos conseguir proteger nossos filhos. Quando apenas o nosso abraço vai ser suficiente e um sorvete no fim da tarde alegrará o resto do dia. Até quando vamos conviver com injustiças e preparar nossos filhos a viver, se frustrar e a se levantar diante de qualquer injustiça.
Ensinamos a andar, falar, a sonhar. Ensinamos limites e a conquistar o mundo. E aprendemos que, no fim, o que importa mesmo é estender; estender o sorvete, o abraço, o carinho. Estender o filme com pipoca, o parquinho, o pulo na piscina. Estender os nossos filhos, estender ser mãe, estar sempre de braços abertos, ouvidos atentos e carinho até transbordar, apesar de todo caos, apesar de todo medo, de toda angústia. Esquecer os fatos e curtir cada e todo pequeno momento. Um sorriso, aquele beijo de boa noite, um mamãe mais dengoso e no fim, quando tudo silencia, ouvimos o melhor do dia:- mãe, te amo!
Parabéns às companheiras dessa louca e linda aventura!
Estou aprendendo a ser mãe há 10 anos, quando senti uma coisinha mexendo dentro de mim. Um susto, uma apreensão, mas um amor incondicional surgia junto com toda a expectativa. Tive o meu primeiro filho e começei a engatinhar junto com ele. Todas as neuroses típicas de mães de primeira viagem me afligiram, podem ter certeza. Nem por iso fui menos louca e possessiva com o Enzo, mas digamos, ele ficou mais "descolado". Quando digo louca é no sentido literal da palavra mesmo! Mãe é o ser mais irracional que Deus pôs na Terra e talvez por isso mesmo o mais isntintivo. No fim, parece que dá certo!
Mas durante essa aventura, percebi que são as pequenas grandes coisas que nos fazem merecedoras desse título de mãe. As horas intermináves de reuniões de pais nas escolas, quando todos teimam em discutir o por quê do para casa, as outras tantas horas controlando febres, ao lado do berço, angústia pura enquanto o filho não melhora, mas também nas horas mágicas e alegres de sorvetes e blusas, mãos e rostinhos lambuzados, naquele preimeiro gol, primeiro passo e primeiro mergulho, tudo que ensinamos e aprendemos juntos com essas pequenas bençãos.
Sim, pois aprendemos todos os dias e à medida que crescem fica muito mais difícil. Hoje, além de ter que saber nomes de heróis que - claro - não existiam na minha época, tenho que conhecer as "tribos" e seus costumes, afinal meu filho pode querer se aventurar em alguma delas e eu vou ter que identificar qual é a dele. E quem foi que disse que menino de 9 anos é pré-adolescente? Eles já se intitulam assim: Namoro pode? Ficar pode? Sair pode? E dá-lhe mãe!
Nosso coração deveria ser três. Um para cada fase da vida deles: o primeiro para os tombos, o outro para as namoradinhas e depois para as baladas. Na verdade deveríamos ser três: uma brincava, a outra se preocupava e a outra, finalmente, descansava. Alguém já viu mãe com cara descansada? Sem olheiras? Sem unha por fazer, raiz do cabelo pra pintar? Vaidade é outro artigo de luxo depois que parimos. Filho vira centro de tudo, do nosso universo e nos completa. Nada mais parece nos importar se aquela criaturinha, mesmo já calçando 36 faz cara de triste e se cala. Como não pirar diante dessa situação? O machucado visível é facil, sabão e mertiolate, uma sopradinha e tudo se resolve. Mas quando a dor é no coração?
É quando é mais difícil ser mãe. Estamos tão acostumadas a resolver tudo que não conhecemos a impotência. Ficamos culpadas, frustradas frente a um mundo que comete atrocidades contra nossas crianças. E sofremos caladas, choramos mansinho, escondidas de tudo, imaginando até quando vamos conseguir proteger nossos filhos. Quando apenas o nosso abraço vai ser suficiente e um sorvete no fim da tarde alegrará o resto do dia. Até quando vamos conviver com injustiças e preparar nossos filhos a viver, se frustrar e a se levantar diante de qualquer injustiça.
Ensinamos a andar, falar, a sonhar. Ensinamos limites e a conquistar o mundo. E aprendemos que, no fim, o que importa mesmo é estender; estender o sorvete, o abraço, o carinho. Estender o filme com pipoca, o parquinho, o pulo na piscina. Estender os nossos filhos, estender ser mãe, estar sempre de braços abertos, ouvidos atentos e carinho até transbordar, apesar de todo caos, apesar de todo medo, de toda angústia. Esquecer os fatos e curtir cada e todo pequeno momento. Um sorriso, aquele beijo de boa noite, um mamãe mais dengoso e no fim, quando tudo silencia, ouvimos o melhor do dia:- mãe, te amo!
Parabéns às companheiras dessa louca e linda aventura!
Belo Horizonte, 08 maio 2008